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Se não soubéssemos os escalões em que militam Moura e Marítimo, podíamos dizer que, neste domingo, eram do mesmo. Em nada os alentejanos foram inferiores aos madeirenses, conseguiram sempre controlar a partida, e só de quando em vez os insulares se tornavam superiores, mas sem conseguir criar grande perigo.
Começou melhor a equipa da Liga. O Marítimo tentou ser dono da bola e dessa maneira chegar perto da baliza do Moura. Aos 11 minutos, Rúben Ferreira teve a primeira oportunidade para o Marítimo, ao surgir sozinho do lado esquerdo mas o seu remate saiu ligeiramente ao lado.
Quando se pensava que o Moura ia aceitar o papel de «pequeno», a equipa começou a esticar o jogo e a aparecer mais vezes junto da baliza de Charles. Miguel Abreu, que tinha marcado dois golos na eliminatória anterior, teve uma boa oportunidade mas o remate foi defendido pelo guardião maritimista. O equilíbrio a meio campo foi notório durante muito tempo e só mesmo perto do intervalo o Marítimo se aproximou com perigo da baliza de Gilson Lima. Danny e Rúben Ferreira desperdiçaram de cabeça duas boas oportunidades. Ao intervalo o empate premiava o controlo emocional do Moura que mostrava vontade de fazer surpresa.
Os técnicos não fizeram alterações ao intervalo e o arranque da segunda parte foi parecido ao da primeira. Mais bola no Marítimo, mas sem criar perigo, e o Moura, de quando em vez, a contra atacar. Os alentejanos nunca se fecharam atrás e tentaram chegar à baliza de Charles.
Rodrigo Pinho teve uma tarde pouco acertada. O avançado do Marítimo dispôs de várias oportunidades, mas umas vezes encontrava os defesas, outras o guarda-redes e outras o acerto nos três postes estava longe de ser bom. Com tanto desacerto ofensivo o Moura acreditava, mais quando Miguel Abreu desferiu um potente remate de fora da área, com a bola a embater no poste direito de Charles. Este lance deu a oportunidade aos alentejanos de acreditarem ainda mais na possibilidade de «fazer Taça».
Com as alterações pelo natural cansaço, Rui Maside tentou revigorar o meio campo do Moura, no qual o capitão Tó Miguel foi imperial. O «jovem» de 40 anos ganhou todos os lances, correu muito, e tentou sempre dar critério aos lances de ataque da sua equipa. Foi o melhor dos alentejanos, juntamente com os centrais Simão Júnior e Rodrigo Antunes, e o nulo manteve-se no marcador muito pelo seu trabalho.
No Moura as entradas de Vítor Lins e Bruno Gomes permitiram a possibilidade de Rui Maside esticar a equipa no campo e dessa forma impedir que o Marítimo estivesse sempre no ataque. Houve remates mas sem grande perigo. O Moura galhardamente mantinha o nulo e o prolongamento estava à vista.
Na meia hora extra a velocidade de jogo do Marítimo aumentou e os lances perto da baliza de Gilson Lima sucederam-se. No campo dava a sensação que o Moura se rendia, mas voltou a sacudir essa maior intensidade da equipa primodivisionária, e conseguiu contra atacar para colocar o Marítimo em sentido.
Os últimos lances do prolongamento foram de grande intensidade junto da baliza do… Marítimo. Simão Júnior rematou de cabeça no segundo poste para grande defesa de Charles, com os jogadores do Moura a reclamarem que a bola tinha entrado. O jogo continuou, mas sem qualquer golo e os penáltis iam decidir quem seria apurado.
Muita emoção na derradeira etapa da eliminatória, mas os nervos tramaram muito jogadores. Leandro Barrera teve a oportunidade de apurar o Marítimo na primeira ronda, mas falhou. Charles acaba por ser o herói dos madeirenses, ao defender três penáltis e dessa forma classificar a equipa.
Um apuramento muito sofrido, com uma exibição pouco conseguida, mas mesmo assim o objectivo foi conseguido. O Moura mais uma vez esteve brilhante na abordagem de uma eliminatória da Taça de Portugal frente a rivais da Liga. No ano passado foi o Portimonense a ter de recorrer aos penaltis, agora foi o Marítimo.
Ficha de Jogo
Taça de Portugal – 3ª eliminatória
Estádio do Moura Atlético Clube
Cerca de 4000 espectadores.
Árbitro: Hélder Malheiro
Moura AC: Gilson Lima; Igor Baldé, Simão Júnior, Rodrigo Antunes e Daniel Coutinho; Tó Miguel (C), Antoninho Silva (Vítor Lins, 60'), Miguel Abreu e Daniel Andrade (Leonardo Ceará, 75'); Rúben Nola (Bruno Gomes, 80min) e Guilherme Silva (Babacar Fall, 107').
Suplentes não utilizados: Natan Rodrigues, Dudu, Mamadi Baldé
Treinador: Rui Maside
CS Marítimo: Charles; Bebeto, Marcão, Lucas e Rúben Ferreira; Jesus Correa (Everton, 86'), Jean Cléber (Vukovic, 72'), Danny (C) e Ricardo Valente (Leandro Barrera, 58'); Edgar Costa (Nikolaos, 116') e Ricardo Pinho.
Suplentes não utilizados: Amir, China, Fabrício
Treinador: Cláudio Braga
Golos: 0-0 (3-4 nos penaltis. Para o Moura marcaram Babacar Fall, Bruno Gomes e Igor Baldé. Para o Marítimo marcaram Everton, Rúben Ferreira, Nikolaos e Vukovic).
Disciplina: Cartão Amarelo para Jean Cléber (66)min, Bruno Gomes (95min) e Marcão (120min).
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